Esqueça tudo que te
fez amar #OrgulhoEPreconceito, #OrgulhoEPaixão é uma colcha de retalhos de
várias obras de Jane Austen. e não tem muito a ver com os livros da escritora.
É como se os autores
tivessem colocado tudo num liquidificador e feito uma mistura, não só das
histórias, como das características das personagens.
Não que eu esperasse
algo fiel aos livros, adaptar Jane Austen, que retratava a
Inglaterra do século XVII com uma novela das 6, brasileira, ambientada em São
Paulo dos tempos do café, traria alterações consideráveis na estrutura, era
mais que natural.
Mas algumas dessas adaptações me deixaram decepcionadas, mas gostei de muitas coisas também.
Encaixar personagens avulsos de outras obras de Jane em Orgulho e Paixão foi um acerto. Por
exemplo, Ema, a casamenteira, como melhor amiga de Elizabeta caiu como uma luva, Marianne de Razão e Sensibilidade como uma das filhas Benetts também.
Agora vamos lá,
mexer em um clássico precisa ter responsabilidade, o Sr. Darcy que conhecemos e
amamos não é o tipo que se apaixona de cara, ele é arrogante e desconfiado,
pois a vida lhe fez assim. Ele via muitas pessoas se aproximarem dele por
interesse, principalmente moças em busca de casamentos vantajosos.
Lendo o livro a
gente nunca sabe ao certo o que ele estava pensando, tanto que quando ele se
declara para Lizzie, também nos pega de surpresa.
Sabe aquela cena do
baile que ele fala que Elizabeth é apenas tolerável? Pois é, esqueça!
Darcy se encanta por
ela de primeira, não deu nem graça.
As implicancias parece que foram mantidas, o que me acalma, mas o beijo sai sem muita cerimonia, isso decepciona.
Não é que eu esteja procurando pelo em ovo, mas é encantador a forma como Darcy se apaixona, ele vai vencendo todas as barreiras que o impedia de se apaixonar - ao ponto de falar que ele a amava mesmo ela não sendo de uma familia adequada. Aliás, essa declaração foi desastrosa e depois de ser rejeitado ele vai percebendo seus equivocos e vai mudando e aí ela se apaixona também.
Elizabeta é uma feminista, uma mulher a frente do seu tempo, idealista, que
não acha que o casamento seja uma prioridade na vida de uma mulher, aliás, ela
busca a igualdade de gênero e luta por isso, seria a diferentona dos dias de
hoje – Nathalia Dill está muito bem no papel.
E o humor sarcástico
do Sr. Bennet? Ainda não apareceu.
Mas a Sra. Bennet
(Vera Holtz) está perfeita, a mesma mãe inconveniente e desesperada em casar as
filhas com bons partidos.
“É verdade universalmente reconhecida
que um homem solteiro e muito rico precisa de esposa.”
Frase inicial do
romance também abriu a novela, Justo!
Vou dizer algo que
disse aqui logo que fiquei sabendo dessa novela, que o público brasileiro
poderia rejeitar o Darcy e preferir o Wickham, pois é, parece que esse foi o
grande medo dos autores. Descaracterizaram muito, a começar escolhendo um ator
quarentão para o papel, desculpa, Thiago Lacerda é galã experiente, mas não dá! Basta ver
como ficou estranho o seu melhor amigo, Camilo, ser o jovem Maurício Destri,
que por sinal, está ótimo representando o nosso Bingley!
As irmãs Bennets
também foram bem escolhidas, todas jovens e bem caracterizadas, salvo Mariana
que veio de Razão e Sensibilidade.
As vilãs, Susana e Julieta
estão bem, fazendo um mix de vilãs que só pensam em aumentar suas posses.
Se eu tivesse que
dar uma nota para essa estreia, daria 6, mexer no Darcy foi um pecado muito
grande.